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Em nome do amor

É em nome do amor, e talvez por amor. É com nome próprio e de alma própria. É o lugar onde as palavras são mais do que elas. São simplesmente aquilo que quero que sejam, amor.

Em nome do amor

É em nome do amor, e talvez por amor. É com nome próprio e de alma própria. É o lugar onde as palavras são mais do que elas. São simplesmente aquilo que quero que sejam, amor.

Ele é o meu irmão e é o melhor do mundo

"De quem gostas Ritinha?", diz ele todas as vezes que chega a casa. "De mim", repondo eu com um sorriso maroto. Ele é um chato. Um feitio particular. Um vaidoso. Um trengo. Mas é tudo de bom. E é o meu irmão. É como o comum dos mortais só que é um pouco mais engraçado e parvo. Quem dera que todos pudessem contar com esta alegria que é ter um irmão tão pateta como o meu. E é sempre assim. "Tiveste saudadinhas minhas? Tiveste! Eu sei que tiveste". Apenas lhe sorri-o, ele sabe bem o que aquilo significa. Enrolado, num édredon branco e extremamente quente, todas as noites me espera, a maioria delas, já dorme mas pede-me muitas vezes: "Ritinha anda para a minha beirinha". É complexo. É terno. E o meu pai reclama vezes sem conta por dormirmos juntos. Ás vezes todos torcidos, desajeitados, meios de lado, enrolados um no outro, lá passamos a noite de lençol enrodilhado e de sonhos lado a lado. Ter um irmão é ter para sempre uma infância adulta guardada em outro coração. Ele é o meu irmão e é o melhor do mundo.

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Ela ou ele?

Ele tem um inexplicável amor por ela. Vai pensando, sentindo. Entretendo o seu domingo, tendo-a guardada, pouco na cabeça e muito no coração. E ela não lhe dá nada. Vive sem ele. Ri sem ele. Brinca sem ele. E ainda a ama, depois de tudo. Realmente o coração é como cancro. De cura improvável e morte iminente. Repara só, mesmo que ele anastesie, o cancro, nunca morre e pede vigia constante. Ele que se cuide porque ela só vais perceber quando ele a deixar de amar. E aí vai doer muito mais. Não sei quem precisa de mais atenção: ela ou ele?

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Ser pai dos nossos pais

Não sabemos ser pais dos nossos pais. A velhice aparece. Veloz e disciplinada. Vem e apodera-se do corpo. Faz-os esquecer. Limita-os. De repente, precisamos de levar os nossos pais, ao parque. Precisamos de lhes trocar as fraldas. De lhes apertar os cordões. Precisamos de lhes dar a comida à boca. Precisamos de lhes contar uma história. E eles próprios ficam com medo do escuro. Os papéis invertem-se. Com uma agravante: Eles por vezes esquecem-nos. Simplesmente já não se lembram mais quem são, quem somos, e fomos. Enquanto esse tempo de lidar com papas-bebes, não chega, desfrute dos serões de domingo à noite. Porque não estamos preparados para sermos pais dos nossos pais.

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Um sacrifício chamado amor

O amor exige sacrifício. Quem gosta muito e ama pouco, sacrifica-se na proporção do seu amor. Dizem as mãos de aliança no dedo que cacasamento é muitas vezes um tormento. Ora bolas! Deitam-se e acordam lado a lado todos os dias. Partilham o mesmo lençol e a primeira coisa que podem fazer, todas as manhãs, é beijarem-se, e ainda reclamam. Não percebo. Ele ama-me e não me tem. E tem dias que é um sacrifício enorme. Isso é amor, fazeres com que permaneca aí, incondicionalmente. Não faças caso, o que eles têm é rotina.

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Aquilo em que te tornaste não é maior

Sou alma, metida num corpo emprestado pelo tempo. Pelo infortúnio de uma noite mal passada e demasiado sentida. Sou alguém novo, entretida nas memórias do passado. Desejando o futuro chegar. Tem dias que é ilusão. Tem outros que é real. Imagino que queiras muito, que o tempo pareça menos longo e menos cruel. Imagino que queiras ser livre de quem não és. Aguenta firme e confia. Tudo aquilo que és, está no passado. A tua memória não esqueceu. E o teu coração também não. Lembra -te de quem és. Aquilo em que te tornaste não é maior.

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Serei o teu porto seguro

Serei o teu porto seguro. Precisas de um sítio onde não sejas tu. Um sítio onde não sejas assertivo, objetivo, e onde não estejas sujeito aos feitos que esperam de ti. Precisas de um sítio onde possas desmoronar. E eu serei esse sítio. Se precisares dele. Perpetuamente (...) Desculpa, agora vou ter que ir, estou atrasada. E não é vulgar. Descobri que até a felicidade tem hora. E eu já devia ter picado há muito tempo. Os dias de folga ao amor, acabaram. O porto espera por ti, o amor é que já partiu.

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O meu sono é um sacana

O meu sono é um sacana da pior espécie. E tu ajudas. Há noite a tramóia é a mesma de sempre. Sento-me delicadamente no sofá numa posição vertical e de quem está francamente interessada na série que estar a passar na televisão. Docilmente, o sofá acolhe-me, possui vida própria e faz-me escorregar sobre ele, até que de repente estou confortávelmente deitada. Eu quero ver a série mas o meu sono não concorda comigo. Vontade eu tinha. "O meu sono não funciona há mesma hora do que eu". Depois há aqueles dias em que até tenho a manhã toda para dormir, e o meu sono não aceita. Acorda-me logo de manhãzinha, como se um dia de trabalho se tratasse. E às segundas, a vida boêmia acaba. Ele devia prontamente eliminar-se, evitando que carregue mais do que um vez no adiar do despertador, mas até aí ele é safado, é faz o que quer. O que tem de bom é que o pesadelo acaba, com sono ou sem sono. E é isto, és um bandido e hoje cheguei atrasada por tua causa.

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Queres pecar comigo?

"– Queres pecar comigo? – Todos os dias. És todo o pecado que há para viver. O bom e o mau. Mas no final das contas só há um tipo de pecado: o que nos mantém vivos. Quem vive sem pecar e morre sem pecar nunca na realidade viveu. Limitou-se a andar por cá. Quem nunca pecou não é santo; é defunto."Sou o teu maior pecado. E tu, o meu.

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Dá-me música e eu dou -te amor

As frequências radiofónicas tem tanto de novo como de entediante. Tanto de companhia como de solidão. Estava quase capaz de me redimir à sintonia das rádios, até me aperceber que durante algumas horas se repetiram inumeras vezes a mesma musicalidade. Que tédio! Eu gosto muito de rádio, mas não deste, que decide as modas, as tendências, e ainda que, de modo involuntário (ou não), monopoliza as partilhas nas redes sociais e lidera o top das preferências. Não que realmente a música seja genial, mas porque é o que todos conhecem. Por isso é que gosto daquele rádio, que entre um toca e foge, uma e outra discordância me soa sempre a novidade. Ainda que super alto e muito enervante, o rádio (aquele rádio) é especial. Que lamento o meu, saber que eles ouvem aquilo que se ouve. Mas que sempre houve muito mais. Dá-me música, eu dou -te amor.

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Os fantasmas existem mesmo

Os meus pais passaram a minha infância a acender a luz do quarto para que sentisse que os fantasmas não existem. Mas quando crescemos sabemos que eles são reais. Não que se escondam no guarda vestidos. O que até era bastante melhor. Escondem-se na nossa cabeça. No nosso coração. Saem connosco à noite. Jantam connosco e nem se dignam a pagar-nos a conta. Que falta de educação. Correm comigo. Dançam comigo. Dormem comigo. E na manhã seguinte a única coisa feliz que fazem, é cumprimentar-me. Quase como quem "não te esqueças que ainda aqui estou". Querido fantasma: foi um enorme orgulho partilhar todo este tempo contigo, contudo se não achares despropositado, amanhã não me acordes. Amanhã apetece-me ver o mar, sem ti. Correr, sem ti. Chorar, sem ti. Viver, sem ti. Agradeço por tamanha companhia, mas agora volta para o armário.

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