Ser pai dos nossos pais
Não sabemos ser pais dos nossos pais. A velhice aparece. Veloz e disciplinada. Vem e apodera-se do corpo. Faz-os esquecer. Limita-os. De repente, precisamos de levar os nossos pais, ao parque. Precisamos de lhes trocar as fraldas. De lhes apertar os cordões. Precisamos de lhes dar a comida à boca. Precisamos de lhes contar uma história. E eles próprios ficam com medo do escuro. Os papéis invertem-se. Com uma agravante: Eles por vezes esquecem-nos. Simplesmente já não se lembram mais quem são, quem somos, e fomos. Enquanto esse tempo de lidar com papas-bebes, não chega, desfrute dos serões de domingo à noite. Porque não estamos preparados para sermos pais dos nossos pais.