Ele é o meu irmão e é o melhor do mundo
"De quem gostas Ritinha?", diz ele todas as vezes que chega a casa. "De mim", repondo eu com um sorriso maroto. Ele é um chato. Um feitio particular. Um vaidoso. Um trengo. Mas é tudo de bom. E é o meu irmão. É como o comum dos mortais só que é um pouco mais engraçado e parvo. Quem dera que todos pudessem contar com esta alegria que é ter um irmão tão pateta como o meu. E é sempre assim. "Tiveste saudadinhas minhas? Tiveste! Eu sei que tiveste". Apenas lhe sorri-o, ele sabe bem o que aquilo significa. Enrolado, num édredon branco e extremamente quente, todas as noites me espera, a maioria delas, já dorme mas pede-me muitas vezes: "Ritinha anda para a minha beirinha". É complexo. É terno. E o meu pai reclama vezes sem conta por dormirmos juntos. Ás vezes todos torcidos, desajeitados, meios de lado, enrolados um no outro, lá passamos a noite de lençol enrodilhado e de sonhos lado a lado. Ter um irmão é ter para sempre uma infância adulta guardada em outro coração. Ele é o meu irmão e é o melhor do mundo.